Insegurança alimentar atinge 2,1 milhões de lares na Bahia, mas estado registra menor índice em 20 anos
- Soteropolitano Notícias
- 10 de out.
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Foto: Agência Brasil/Arquivo
A Bahia registrou, em 2024, o menor índice de insegurança alimentar dos últimos 20 anos, igualando a taxa observada em 2013. Dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 2,115 milhões de domicílios baianos, o equivalente a 37,8% do total, conviviam com algum grau de insegurança alimentar, desde a preocupação com o acesso a alimentos até a falta efetiva de comida.
Apesar da melhora em relação a 2023, quando 40,2% das residências estavam nessa condição, o estado piorou no ranking nacional, subindo da sexta para a quinta maior proporção de domicílios com insegurança alimentar do país. A pesquisa integra o módulo de Segurança Alimentar da PNAD Contínua, realizado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
A redução observada na Bahia foi de 3,2%, o que representa 74 mil domicílios a menos em situação de insegurança alimentar. Mesmo assim, o problema ainda atinge mais de um terço das residências do estado.
O levantamento também mostra que a Bahia, apesar de reunir a quarta maior população do país, concentra o segundo maior número absoluto de lares com insegurança alimentar (2,1 milhões) e de pessoas vivendo nessas condições (5,8 milhões), atrás apenas de São Paulo, que soma 3,3 milhões de domicílios afetados.
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Os dados do IBGE detalham que houve melhora em quase todos os níveis de insegurança alimentar, com exceção da leve, que apresentou pequeno aumento. Insegurança leve: afeta 1,334 milhão de domicílios (23,8%), aumento de 0,7% frente a 2023. Nesses casos, há incerteza quanto ao acesso a alimentos, mas não ocorre fome.
Insegurança moderada: presente em 477 mil domicílios (8,5%), queda de 1,2 ponto percentual em relação ao ano anterior. Insegurança grave: atinge 304 mil residências (5,4%), redução de 9% em um ano. Nessas casas, a fome é uma realidade, afetando diretamente 707 mil pessoas.
Com esse número, a Bahia continua sendo o segundo estado com mais lares ameaçados pela fome, atrás apenas de São Paulo (409 mil). Em termos proporcionais, o estado tem a sexta maior taxa de insegurança alimentar grave do país e a mais alta fora da Região Norte.
Embora os indicadores baianos tenham melhorado, a redução foi menor que a média brasileira. No país, a proporção de domicílios com insegurança alimentar caiu de 27,6% em 2023 para 24,2% em 2024 — uma queda de 3,4 pontos percentuais, contra 2,4 pontos na Bahia.
Essa diferença fez o estado cair de posição no ranking, já que outras unidades federativas registraram avanços mais expressivos. Em 2024, o Pará liderou a lista com 44,6% dos lares afetados, seguido de Roraima (43,6%) e Piauí (39,3%). Na outra ponta, Santa Catarina (9,4%), Espírito Santo (13,5%) e Rio Grande do Sul (14,8%) apresentaram as menores taxas do país.
O levantamento nacional do IBGE revela ainda que a insegurança alimentar atinge com mais força domicílios chefiados por mulheres, pessoas pardas e de baixa escolaridade. Entre os lares com insegurança alimentar, 59,9% têm mulheres como responsáveis, enquanto no total de domicílios do país elas representam 51,8%.
Mais da metade (54,7%) dos domicílios afetados é chefiada por pessoas pardas. Quase 4 em cada 10 (36%) são liderados por pessoas com ensino fundamental incompleto, proporção bem superior à média geral de 26,7%
O IBGE realiza medições sobre segurança alimentar desde 2004, por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), e os resultados são comparáveis ao longo das décadas. A Bahia repete agora o menor percentual registrado em 2013, quando o estado também havia atingido 37,8% de domicílios com algum grau de insegurança alimentar.
A nova queda indica avanço após o agravamento observado durante a pandemia da Covid-19, quando a fome voltou a crescer em todo o país. Ainda assim, especialistas destacam que os números baianos mostram uma redução lenta e desigual, e que o problema permanece concentrado nas populações mais vulneráveis.















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