"Eleição de 2026 vai passar muito pelas pautas dos segmentos e menos pela política", avalia Leo Prates
- Soteropolitano Notícias
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Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Ida do PDT para a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT), rumos da oposição na Bahia e situação do partido no Congresso Nacional após o escândalo do INSS e demissão de Carlos Lupi. Esses foram alguns assuntos abordados em entrevista com o deputado federal Leo Prates (PDT).
Durante o bate-papo com a reportagem do Bahia Notícias, o parlamentar baiano comentou as últimas movimentações do partido no estado, projetou o papel do grupo de oposição com a eleição de 2026 no horizonte e garantiu que vai se manter fiel no apoio a ACM Neto (União) e a Bruno Reis (União).
Segundo Prates, seu desejo é permanecer no PDT, desde que a cúpula da legenda permita que ele continue apoiando o ex-prefeito de Salvador e permaneça posicionado na oposição estadual. Caso o cenário seja inviável, o deputado já estuda o ingresso em outros partidos.
Confira abaixo a entrevista completa:
Do que o senhor acompanhou, como se deu o processo de aproximação e migração do PDT para a base do governador Jerônimo Rodrigues?Pergunta bem difícil de você fazer para mim. Primeiro, lhe respondendo para deixar muito claro, eu sou oriundo do grupo político de ACM Neto. Comecei minha carreira aqui, tenho 20 anos na oposição ao governo da Bahia, já informei ao PDT que assim me manterei, que gosto do partido, respeito essa decisão do presidente Felipe Mendonça, mas discordo. Não sei como foi feita essa aproximação mas o que eu posso lhe dizer é que eu não farei parte dessa aproximação.
Essa movimentação foi liderada pelo presidente estadual Félix Mendonça Júnior e contou com o apoio de prefeitos pedetistas. De que forma o senhor acompanhou as articulações? Houve reunião da Executiva?Pelo que me foi relatado lá em Brasília o presidente Lupi concordou com esse movimento de aproximação com o Jerônimo. O que o presidente Lupi me disse foi que era um movimento de apoio ao governo federal que seria natural porque ele era ministro lá e o PDT era da base do presidente Lula mas que sobre 2026 ele trataria em 2026. Eu volto a dizer que é o meu posicionamento é um posicionamento de oposição, o presidente Lupi entendeu. Respaldado pelo presidente Lupi eu volto a dizer eu respeito esse movimento mas eu discordo por vários motivos inclusive pelo que ficou evidente na última segunda-feira foi que um bom número dos mandatos mais expressivos do partido, incluindo, por exemplo, a prefeita Juliana Araújo, seu pai, que é o primeiro suplente do partido, deputado Zé Carlos Araújo, também não concordam com esse movimento, o deputado Emerson Penalva. A gente lamenta porque a gente estava numa construção de oposição, eu pessoalmente irei apoiar a candidatura de ACM Neto. Não posso lhe dar com maiores detalhes porque eu realmente não participei e não participaria de tal movimento.
Mesmo com a mudança de rumo do partido, o senhor declarou que permanecerá ao lado de ACM Neto e Bruno Reis, na oposição ao governo estadual. Como pretende conciliar essa posição com o novo alinhamento do PDT daqui pra frente?Com todo respeito ao PDT da Bahia, eu não mudei minha posição. Eu entrei no partido com essa posição, eu fui assessor de ACM Neto, vereador, deputado estadual, tudo em posição ao PT da Bahia e ligado e vinculado a ACM Neto. Esse é um ponto crasso para mim. A minha construção, eu primeiro quero ressaltar que eu tenho uma boa relação com o presidente Félix Mendonça, considero ele um amigo, apenas nós temos visões divergentes nesse momento. Isso faz parte da política e da democracia, ele é um homem maduro, sabe entender a minha posição e eu também sou um homem maduro e sei entender a posição dele. O que eu posso lhe dizer é que nós vamos chegar a uma equação com o presidente Carlos Lupi. Há uma dúvida muito grande dentro do PDT, e eu quero dizer com muita clareza, isso não é uma condição isso é um princípio, um valor da minha trajetória política, então não tenho como abrir mão disso. Eu irei apoiar a ACM Neto, meu desejo é permanecer no PDT mas essa decisão passa pelo PDT também, leia-se o presidente Félix Mendonça e o presidente Carlos Lupi. Se eles entenderem que eu posso ficar no partido, contribuir com o partido e apoiar ACM Neto, ter uma liberação para apoiar a ACM Neto, mesmo o partido estando com Jerônimo, bem. Se não, nós vamos chegar a uma situação de impasse. Eu espero que não. A minha construção, eu tenho conversado com o presidente Félix, a minha construção é de tentar permanecer mas se houver a exigência de que eu não possa apoiar ACM Neto eu não terei as condições que eu considero para permanecer no partido. Por coerência com a minha história, respeitando a história de todos, por coerência com a minha história, eu permanecerei na oposição para as eleições de 2026 e precisarei construir as condições para permanecer na oposição.
Há especulações sobre sua possível filiação ao Republicanos ou ao Progressistas (PP). Em que estágio estão essas conversas?Em primeiro lugar o meu desejo, a minha ambição pessoal é permanecer no PDT. Isso eu quero deixar muito claro, eu sou feliz no PDT, eu tenho grandes amigos, os movimentos sociais no PDT nós temos uma relação de fraternidade, sou grato a cada militante, a cada pessoa, a cada filiado ao PDT pela recepção e pelo apoio que dá o nosso mandato. O nosso sucesso é coletivo e é feito pelas pessoas para as pessoas e especialmente com as pessoas do PDT. Claro que o apoio do PDT ao atual governador Jerônimo dificulta como eu disse pela minha coerência com a minha história. Dito isso, eu recebi alguns convites que eu me sinto lisonjeado, que tocam o meu coração. Recebi convites de deputados do União Brasil, de deputados do Republicanos incluindo o meu dileto amigo, um cara que tem se tornado um cara do meu coração, o presidente Hugo Motta. Recebi convites do Partido Progressistas, incluindo meu dileto amigo, Cacá Leão, tive com o senador Ciro Nogueira. Tive com o deputado Márcio Marinho, do Republicanos, que também me abriu as portas e é um cara que eu convivo desde 2008, com respeito, admiro e me inspira no trabalho em Brasília. E na hora certa, eu vou avaliar, eu volto a dizer, o meu desejo é permanecer no PDT, só que eu não posso abrir mão daquilo que eu acredito ser muito caro com a minha atuação política porque senão não vale nem a pena ser mais político pelo menos na minha forma de ver o mundo. Então o que eu quero dizer com muita clareza é que não havendo condições, o presidente Lupi entendendo que não dá pra eu permanecer no PDT e apoiar ACM Neto, o Republicanos eu diria que é um dos partidos que avaliam com imenso carinho.
No caso do PP, a federação com o União Brasil viabilizaria a permanência no campo da oposição. Esse é um fator determinante para sua escolha? E já em relação ao Republicanos, comenta-se que uma eventual ida pode estar ligada à formação de uma chapa majoritária em 2026, com o senhor como possível vice de ACM Neto.Tudo é muito inicial, eu só tenho janela em abril do próximo. Eu tenho que conversar, eu não tenho como deixar uma avaliação dessa, que é uma avaliação muito importante para a atuação parlamentar para a última hora. Então eu tenho no Republicanos o presidente Hugo Mota e o presidente Márcio Marinho além do presidente Marcos Pereira, amigos. Nós conversamos superficialmente. O presidente Ciro Nogueira também e o presidente Mário Júnior e o presidente Caca Leão, nós também conversamos superficialmente, porque eu entendo que a minha primeira luta é de ficar no PDT. E eu conversei com o vice-presidente nacional da União Brasil, o meu candidato a governador, ACM Neto. Eu quero deixar muito claro que qualquer decisão dentro dessa construção política que eu farei passará por ACM Neto e Bruno Reis, que são os líderes do meu grupo político e como eu disse a você no início, eu não acredito que política se faz no individual, política se faz no coletivo eu faço parte de um grupo, eu sou uma peça importante, mas sou uma peça do grupo. Em relação a isso eu desejo que a ACM Neto seja candidato a governador e eu espero ser uma peça para ser um facilitador dentro do processo de eleição de ACM Neto. Quanto à chapa majoritária, eu sou pré-candidato a deputado federal, eu estou trabalhando nessa direção, eu não recebi qualquer convite pra integrar a chapa majoritária, mas eu quero deixar muito claro que diferente, eu acho que o próprio grupo político, seja o PL, o PP, o Republicanos, eu acho que nós temos que dar conforto a ACM Neto. Que ele escolha para chapa majoritária aqueles que ele entender que é melhor pra ganhar a eleição.
O senhor é o atual presidente municipal do PDT. Com o reposicionamento do partido no estado, como ficará a situação dos vereadores pedetistas em Salvador, que hoje integram a base do prefeito Bruno Reis?Volto a dizer as palavras do presidente Lupi, que o PDT estaria entrando para apoiar o governo estadual e que em 2026 ele me chamaria, ele disse que em fevereiro me chamaria para ter uma conversa definitiva, ele e o presidente Félix para nós entendermos o cenário que nós estamos. Então o que eu posso lhe dizer em relação aos vereadores é que enquanto eu permanecer na presidência municipal do PDT, o PDT em Salvador, eu quero fazer esse quadrado, o PDT em Salvador continuará dando sustentação ao prefeito Bruno Reis. Essa é uma condição. Se for exigido que o PDT municipal saia da base de Bruno Reis, eu, logicamente, não terei as condições de permanecer na presidência do partido.
Haverá um processo de reacomodação, ou a exemplo do que o PP é hoje, os vereadores em Salvador ficam com Bruno mesmo com o alinhamento diferente do estadual?Nós estivemos almoçando as lideranças do PDT, ACM Neto e Bruno Reis na última segunda-feira e todos os vereadores ressaltaram apoio a Bruno Reis. Então não haverá mudança de posicionamento dos vereadores da parte desse deputado federal, nem da vice-prefeita Ana Paula Matos, que também é um quadro importante do nosso partido.
No plano nacional, o PDT deixou recentemente a base do governo Lula após o afastamento de Carlos Lupi do Ministério da Previdência em meio ao escândalo das fraudes no INSS. Qual o termômetro hoje no partido nos corredores de Brasília?O clima nesse momento é de muita insatisfação com o governo. Primeiro, eu estou me referindo à bancada de deputados com quem eu convivo. Há um clima de entendimento, de um tratamento que não é adequado para o PDT em relação ao que o PDT colaborou com o governo federal. O PDT votou mais, eu estou falando porque o PDT é maior do que nós em Brasília, mas nós votamos mais unidos com o governo do que o próprio PT se você pegar proporcionalmente, a maioria das matérias, os 18 deputados do PDT votaram com o governo sob a orientação da liderança do nosso partido, que é o ministro Carlos Lupi, e foi correto com o governo. Então, no nosso entendimento, faltou o mesmo comprometimento do governo com o presidente Lupi. No nosso entendimento da bancada federal, eu não quero falar em nome do partido, mas eu estou lhe dando um sentimento que há entre os deputados.Então, na última reunião da bancada, o que ficou acordado é que nós adotaremos uma posição de independência. Nós temos matérias que são muito caras pra nós, que são matérias identitárias com o nosso estatuto e essas matérias não estão sob discussão. Nós teremos atrelamento automático, mas as matérias que dizem respeito meramente a pautas de governo nós teremos um posicionamento mais crítico que também não será um posicionamento de oposição. Nós não teremos um movimento de oposição ao governo. Nós não seremos mais o mesmo tratamento que nós demos até agora, a não ser que haja uma correção de rumos do próprio governo, que nós demos nesses dois anos, porque não recebemos reciprocidade no nosso entendimento.
Nesse entendimento, o senhor acredita que haverá uma divisão interna no PDT no Congresso Nacional entre os que desejam manter o apoio a Lula e os que vão romper com o governo?Não acredito porque o nosso partido tem uma inspiração e uma liderança que conduziu a bancada, mesmo muitas vezes a bancada não querendo acompanhar determinadas matérias, mas conduziu com habilidade, com inteligência, com extremo ar democrático, que é o presidente Carlos Lupi. Tenha nas minhas palavras o sentimento da bancada. O sentimento da bancada é de solidariedade e é de compromisso com a liderança do presidente Carlos Lupi. Eu não acredito nessa divisão da bancada.
Qual deve ser, na sua visão, o futuro do PDT diante desse cenário?O futuro do PDT é respondido pelo seu passado. É um partido forte, pujante, com militantes e militância social instituída. Agora mesmo nós estamos instituindo o movimento PDT Animal. Então o PDT continuará ao lado da sua história e fortalecido pela sua história. Então tenha certeza que o PDT chegará em 2026 muito forte. Para a gente ir caminhando aqui para o final.
Para fechar deputado, queria uma avaliação sua. Com a reconfiguração partidária em curso, qual deve ser o papel da oposição na Bahia até 2026?Eu acredito muito no papel dos segmentos organizados da sociedade. Eu acho, e é uma opinião meramente pessoal que essa eleição vai passar muito pelas pautas dos segmentos e menos pela política. E vou explicar porque, pautas como a questão dos alimentos, do barateamento dos alimentos, que hoje fala muito alto na mesa do brasileiro, a pauta da segurança pública, eu tenho conversado muito com o deputado Capitão Alden, porque não sou um especialista, Alden entende muito, então tem me ensinado muito nesse caminho. A pauta da segurança pública. Então eu acho que os segmentos organizados da sociedade, e eu não falo sindicato, associação, mas eu falo segmento do agro, que é fundamental tanto para a geração de emprego e renda quanto para a questão do movimento organizado, o barateamento do preço dos alimentos, que hoje fala muito alto na mesa dos brasileiro. Eu acho que dessa vez, esses segmentos organizados, os evangélicos, os católicos, terão um papel preponderante nessa eleição, serão fundamentais nessa eleição. Eu acho que a gente vai ter um aumento, e essa é a minha impressão.Eu acho que os segmentos organizados estão mobilizados e farão a diferença nessa eleição podendo ter um descolamento na minha visão eu tive inclusive essa conversa com ACM Neto e com o Bruno Reis podendo ter um descolamento entre o que pensa a política partidária e o que pensa a sociedade e muito influenciado por esses segmentos organizados essa é a minha impressão.
A gente tem falado muito em 2026, mas a gente sabe que também está no desejo, na lista dos desejos de Leo Prates de 2028, uma possível candidatura aqui na gestão municipal da cidade de Salvador. De fato, o status atual disso é um sonho do senhor?Eu não acho adequado agora, o prefeito Bruno Reis acabou de ganhar a eleição com 80% dos votos, sendo o prefeito mais bem votado da história de Salvador, e nós ficamos felizes de contribuir, colaborar com essa vitória do atual prefeito. Eu acho que não é momento. Do ponto de vista político eu também compreendo que a minha primeira missão é me reeleger deputado federal porque se eu não me reeleger deputado federal não há o sonho do amanhã, então a minha primeira missão é me reeleger deputado federal fazer bem a minha tarefa então não há nenhuma articulação nesse sentido em respeito a Bruno Reis e em respeito a uma missão que eu tenho o próximo ano que é mostrar ao eleitor. Em relação a isso eu posso lhe dizer duas coisas. Desde que entrei pra vida pública eu sempre sonhei em ser prefeito de Salvador. Aqui cresci, aqui nasci, aqui fiz minha carreira toda, entrei no movimento social me tornei vereador, presidente da Câmara, secretário, fui deputado estadual, sou deputado federal e sou muito feliz. Eu sempre digo que em Brasília o dia mais feliz da minha semana é quinta-feira quando eu posso voltar pra minha cidade, ver o meu lar o meu aconchego, o meu lugar então o que eu posso lhe dizer é que sonho sim, um dia ser prefeito de Salvador quanto vai ser isso só o meu grupo político, Deus e o povo de Salvador podem definir. Em relação a segunda questão é o que eu lhe disse eu tenho uma missão que não é pequena que é me reeleger deputado federal no ano que vem, então como diz um amigo meu, vamos por parte vão trabalhar pra mostrar às pessoas porque eu mereço ser reeleito deputado federal.
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